quarta-feira, 5 de junho de 2013

O homem pintado - Peter V. Brett

SINOPSE: Por vezes existem boas razões para se ter medo do escuro. Arlen vive com os seus pais na sua quinta isolada a meio dia de viagem do pequeno povoado de Tibbet’s Brook. Mas no mundo de Arlen quando a noite cai uma estranha névoa começa a erguer-se do chão, uma névoa que promete uma morte terrível para todos aqueles que sejam suficientemente loucos para enfrentar a escuridão, pois demónios esfomeados, que não podem ser feridos por armas comuns materializam-se na névoa para se alimentarem dos seres vivos. Quando a noite cai as pessoas não têm outra alternativa se não esconderem-se nas suas casas cuidadosamente guardadas com símbolos mágicos de protecção que são a única coisa capaz de manter os demónios à distância até que chegue o nascer do sol. Nesta história três jovens irão oferecer à humanidade uma última e fugaz hipótese de sobrevivência.

OPINIÃO: Faço uma vénia a Peter V. Brett pelo mundo terrorífico que criou.
Qual Apocalipse zombie, qual quê? Estes demónios sim, é que nos tiram o ar só de pensar em ter de lidar com eles.

Uma excelente ideia a criação de um mundo futurista, que parece ter regredido à Idade Média, onde as noites são povoadas por demónios. Estes demónios são criaturas animalescas, nada apelativas, que vêm da terra, da areia, do fogo, da água, do vento, da rocha... Isto é, estão em todo lado! E a única coisa que os impede de dominarem o mundo, de extinguir de uma vez por todas os humanos, são as "guardas". As guardas são símbolos mágicos que, depois de desenhados à volta do local que se pretende proteger, repelem os demónios, impedindo-os de entrar. Contudo, isso não significa que eles não tentem encontrar brechas na guarda, logo, as noites são barulhentas, com eles a embaterem, vezes e vezes sem conta, na barreira. Por vezes, conseguem mesmo passar... e os humanos não sabem como impedir de serem comidos.

Além desta base fantástica de elevado bom gosto, Peter V. Brett criou um trio de personagens muito interessante. A história possui 3 protagonistas e, ao longo do livro, vamos conhecendo os passos que os levaram a uma maturidade que os conduzirá para o seio desta batalha ainda não iniciada. 
Todos os três possuem um passado traumático, que os motivou a um crescimento acelerado e duro.

Arlen é o protagonista mais corajoso, teimoso e independente que jamais conheci. O desenvolvimento desta personagem é simplesmente fenomenal e o seu desfecho , apesar de um pouco previsível, a certo ponto, é delicioso de assistir. Arlen tem falhas e erra imenso ao longo da história, e é esta vulnerabilidade que me encanta nele. É um rapaz com um feitio muito complicado de lidar e a sua capacidade de virar as costas aos sentimentos é deveras irritante, mas soa a real.

Leesha ocupa o segundo lugar de destaque desta história. Uma personagem feminina que me agradou imenso (Uau!), pela personalidade independente, responsável e defensora dos seus ideais e honra. Leesha passa, tal como Arlen, por alguns tumultos que mexem com a emoção, trazendo feridas e cicatrizes que os acompanharão ao longo da vida. A forma como esta personagem sofre é enternecedora. Ela conhece o sabor da injustiça, seja pela mão do homem, seja pela mão do destino.

Rojer não deixa de ter a sua importância, mas é o personagem, dos três, com menor destaque. É o mais jovem do trio de protagonistas  e a sua história de vida, apresentada mais tarde do que os anteriores, é a mais trágica. Não é corajoso, não é verdadeiro, não é propriamente mentiroso. Não é mau, age com o coração. É ainda pequeno, mas quer ser maior.

Em suma, Peter V. Brett construiu um mundo de terror, onde ainda há alguma esperança, porém muito ténue.
A história foca-se na coragem e na falta dela. Até que ponto o povo se deixa destruir dominado pelo medo e qual será o limite que os levará a agir e lutar pelas suas vidas.

Gostei muito!

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